Plato o sofista pdf




















Hagamos un ejemplo:. Otra palabra, cuando decimos ''lo no bello'' necesariamente no hablamos de algo distinto de lo bello. De hecho, hablamos de lo bello. Al no ser contrarios, dichos conceptos como lo no grande, lo no bello y lo no justo, no tienen diferencia con lo grande, lo bello y lo justo. La verdad sobre el sofista. Mapas conceptuales hechos con el software Cmaptools. Unknown 21 de junio de , Suscribirse a: Enviar comentarios Atom. Plato, Fedro, d e segs. So estes, no verdade, os embelezamentos da arte?

Em segundo lugar, uma exposio e os testemunhos relativos a esta; em terceiro, as provas; em quarto, as verossimilhanas e a prova e a contraprova, como eu julgo que lhes chama aquele Bizantino, ptimo artfice de discursos. Referes- te ao eloquente Teodoro?

E a refutao e a contra-refutao que devem ser feitas na acusao e na defesa. E por que no mencionarmos o excelente Eveno de Paros que foi o primeiro a inventar a insinuao e o elogio indirecto? Alguns dizem que ele tambm profere censuras indirectas em verso para ajudar a memria; sem dvida um homem sbio. Deixaremos repousar Tsias e Grgias, que compreenderam que as verossimilhanas devem ser mais estimadas do que as verdades e, pela fora do discurso, fazem as coisas pequenas parecer grandes e as grandes, pequenas, o novo parecer velho e o velho, novo, e descobriram, sobre qualquer assunto, a conciso dos discursos e os desenvolvimentos interminveis?

Prdico, quando me ouviu dizer isto, riu-se e disse que ele prprio descobrira sozinho a arte dos discursos mais apropriada e que no era necessrio que fossem longos ou breves, mas que tivessem a medida certa.

Muito bem dito, Prdico! E no falamos de Hpias? Creio que tambm o estrangeiro de lis estaria de acordo com ele. Por que no? Que diremos dos discursos harmoniosos de Polo que inventou a diplasiologia, a gnomologia e a iconologia e os termos que Licnio lhe ensinou gratuitamente para a criao do discurso elegante?

Scrates, os estudos de Protgoras no eram do mesmo gnero? Tratavam de ortopia, meu filho, e de muitas outras coisas belas. Em discursos comoventes sobre a velhice e sobre a pobreza, parece-me que o vigoroso Calcednio, se impe pela sua arte; foi um homem muito hbil, simultaneamente, em suscitar a clera de muitos e, uma vez encolerizados, hbil em seduzi-los com encantamentos, como dizia; era um mestre de criar e em dissipar as calnias, fosse qual fosse a fonte.

A ltima parte de um discurso parece ser uma matria de comum acordo para todos, qual uns chamam recapitulao e outros algo diferente. Fragmentos 1. Ele exprimiu de modo diferente a mesma ideia. Disse numa obra sua que o homem a medida de todas as coisas quer dos entes que so quer dos entes que no so. Leste certamente isso? E no quer ele dizer desse modo que tal como cada coisa aparece para mim, assim ela para mim, tal como cada coisa aparece para ti, assim ela para ti, sendo tu homem e eu tambm?

No verdade que, por vezes, quando o mesmo vento sopra, um de ns sente frio e o outro no? E um o sente ligeiramente e o outro fortemente?

Ora, neste caso, diremos que o mesmo vento , em si prprio, frio e no frio? Ou deixar-nos-emos persuadir por Protgoras que diz que frio para os que tem frio e no frio para os que no tem frio? Parece-me que sim. Aparece assim para cada um, no verdade? E dizer que aparece o mesmo que dizer que se sente? A aparncia e a sensao so pois o mesmo, no que respeitas s coisas quentes e a todas s anlogas. Conforme cada um percepciona as coisas assim provvel que elas sejam para ele.

Quanto ao resto, defendeu, de um modo que me agrada, que o que parece a cada um tambm como tal. Mas espantou-me o princpio do seu discurso, que, ao comear a sua Verdade, no tenha dito que a medida de todas as coisas o porco ou o cinocfalo ou um ser ainda mais estranho de entre os dotados de sensao, para nos comear a falar em tom solene e muito desdenhoso, demonstrando-nos que o admirvamos como um deus pela sua sabedoria, e que ele no era, quanto inteligncia, em nada superior a um girino ou a qualquer outro homem.

Plato, Sofista, d-e. Como poderia um ignorante dizer algo de sensato diante de algum que sabe? No poderia de modo algum. Vida e doutrina 2a. Plato, Grgias, b. Plato, Apologia, 19e. Plato, Mnon, 70a-b. SCRATES: Mnon, outrora os Tesslios eram famosos e admirados entre os Gregos pela arte de cavalgar e pela riqueza; agora, parece-me que o so tambm pela sua sabedoria; e no so menos admirados os de Larissa, concidados do teu companheiro Aristipo. E deveis isto a Grgias, que, depois de chegar cidade, levou a enamorar-se da sabedoria os mais ilustres dos Alvadas, entre os quais se encontra o teu amigo Aristipo e outros tesslios.

Naturalmente este costume habituou-vos a responder, destemida e orgulhosamente, se algum vos perguntar algo, como prprio dos que sabem; mas tambm ele prprio se colocava disposio dos Gregos que desejassem perguntar-lhe alguma coisa e a ningum deixava sem resposta. Plato, Grgias, c. O resto da sua exposio que o faa num outro dia, como tu dizes. Incitava os presentes a perguntarem-lhe o que quisessem e dizia que responderia a todas as questes. Faz-me, portanto, uma demonstrao do discurso conciso; do discurso prolixo f-la-s numa outra ocasio.

Plato, Mnon, 95c. MNON: Scrates, de Grgias agrada-me sobretudo o facto de nunca ningum o ter ouvido prometer [ser professor de excelncia], mas ele at se ri dos outros, quando os ouve fazer essas promessas. Ele pensa antes que preciso formar bons oradores.

GRGIAS: Vria vezes, eu estive com o meu irmo e com outros mdicos, junto de um doente que no queria tomar o remdio nem permitia que o mdico cortasse ou cauterizasse; e, quando o mdico no o conseguia persuadir, persuadia-o eu sem outra arte para alm da retrica.

Plato, Filebo, 58a. Na verdade, esta pe tudo ao seu servio por livre vontade e no pela fora. GRGIAS: No que toca s outras artes, todo o conhecimento, por assim dizer, est relacionado com as artes manuais e actividades semelhantes, mas no existe uma arte manual da retrica, pois toda a sua actividade e sua eficcia se processam por palavras. Por causa disto, julgo que a arte da retrica diz respeito s palavras, falando correctamente como falo. Plato, Grgias, a. SCRATES: Se estou a compreender alguma coisa, tu dizes que a retrica artfice de persuaso e que infunde confiana, mas no est apta a ensinar o justo e o injusto.

A retrica, portanto, as que parece, criadora daquela persuaso que um acto de f, no daquela que capaz de instruir a respeito do justo e do injusto. Fragmentos 4. Plato, Mnon, 76a e segs.

A um homem idoso impes que responda, mas tu no queres recordar-te e dizer o que Grgias afirma ser a virtude Queres, pois, que eu te responda maneira de Grgias, de forma a seguires-me mais facilmente? Quero, sim; porque no?

No admitis vs, de acordo com Empdocles, que os seres emanam determinados eflvios? E poros para os quais e atravs dos quais passam os eflvios? E alguns dos eflvios adaptam-se a alguns dos poros, mas uns so mais pequenos e outros so maiores? E chamas, pois, vista a alguma coisa? A partir disso "ouve bem o que te digo', nas palavras de Pndaro. Com efeito, a cor um eflvio das coisas, proporcionado e perceptvel vista.

Parece-me excelente, Scrates, essa resposta que deste. Talvez por ter sido dita de acordo com o que te habitual; e ao mesmo tempo, penso que compreendes que, desta maneira, poderamos tambm definir a voz, o odor e muitas outras coisas semelhantes.

Vida e doutrina 2. Plato, Protgoras, c-d. Prdico, ao que parecia, encontrava-se ainda deitado, coberto com algumas peles e uma grande quantidade de mantas. Eu, estando de fora, no podia compreender os assuntos que discutiam, embora desejasse vivamente ouvir Prdico, pois ele parecia- me um homem muito sbio e extraordinrio.

Mas, por causa do som cavernoso da sua voz, instalava-se na sala um rudo surdo que dificultava a percepo das suas palavras. Plato, Hpias Maior, c. SCRATES: O nosso ilustre amigo Prdico muitas vezes e em vrias ocasies veio ao servio do Estado; ainda agora, recentemente, ao chegar de Ceos como embaixador, adquiriu grande renome, ora discursando na assembleia ora fazendo conferncias em particular, e ganhou uma quantidade admirvel de dinheiro instruindo os jovens.

Plato, Teeteto, b. SCRATES: Teeteto, de muito bom grado auxilio como casamenteiro os jovens que no me parecem estar de forma alguma grvidos: reconheo que no precisam de mim e, para falar ao lado de um deus, consigo muito bem adivinhar de que companhia havero de tirar proveito.

Eu enviei muitos a Prdico, muitos tambm a outros homens sbios e admirveis. Cada um destes, senhores juzes, capaz de ir s vrias cidades e persuadir os jovens, que podem associar-se gratuitamente aos concidados que quiserem, a abandonar os crculos daqueles e segui-los, dando-lhes dinheiro e ficando-lhes reconhecidos. Plato, Crtilo, b. Se eu tivesse ouvido a lio de Prdico por cinquenta dracmas, a qual garantia ao ouvinte ficar inteiramente formado acerca desse assunto, como ele assevera, nada te impediria de sabe imediatamente toda a verdade acerca do uso correcto das palavras.

Mas s ouvi a lio no valor de um dracma. Os que se apresentam nestes debates devem ser imparciais para ambos os adversrios, mas no devem ser neutros, pois no o mesmo. No convm que faamos igual juzo dos dois, mas que atribuamos mais crdito ao mais sbio e menos ao menos avisado. Tambm eu prprio penso que correcto que vs, Protgoras e Scrates, vos ponhais de acordo e que discutais um com o outro, sem disputardes.

E, assim, a nossa reunio tornar-se- muito agradvel, pois vs que falais encontrareis antes de tudo em ns, que vos escutamos, estima e no louvores.

A considerao encontra-se, de facto, nas almas dos ouvintes sem fingimento, enquanto o louvor est no raro nas palavras dos que se pronunciam falsamente contra a sua opinio. Em primeiro lugar, se queres a virtude do homem, fcil dizer-te que esta: ser idneo ao tratar as coisas da cidade; e, fazendo isso, fazer o bem aos amigos e o mal aos inimigos, e acautelar-se para no sofrer nada semelhante.

E se queres a virtude da mulher, no difcil responder que ela deve adminis trar a casa, cuidando dos negcios internos e obedecendo ao marido. E outra a virtude da criana e do jovem e do homem e outra a do ancio, seja livre, seja escravo.

E existem muitas outras virtudes, de modo que no h dificuldade em dizer que coisa a virtude: h uma virtude relativa a cada ao e a cada idade, e a cada obra para cada um de ns. E isso tambm penso com relao ao vcio evidente, para quem nos seguiu at aqui, que esta via emprico -fenomenolgica tentada por Grgias tem seu correspondente anlogo tambm em Protgoras mas igualmente evidente que, como aque la, tambm esta no recebe adequada fundao terica e, antes, no interior da posio gorgiana no encontra um espao suficiente para situar-se.

Destrudo o saber do ser incontrovertvel, Grgias deveria de monstrar a possibilidade terica de um saber humano que no fosse a cincia dos fsicos, mas tampouco a doxa; mas isto lhe era impos svel, justamente porque as categorias tericas das quais dispunha eram as eleticas, que vimos ser totalmente incapazes de dar razo dos fenmenos e das quais, alm disso, ele tinha demonstrado o alcance destruidor e no-construtor.

Plato, Mnon, 71 e Diels 82 R Ver o captulo precedente, pp. Ver supra o captulo sobre Parninides, pp. Ao invs, bem outra coerncia Grgias mostrou diante da ret rica, da qual foi lucidssimo terico. A retrica e a onipotncia da palavra Voltemos um instante s concluses do Tratado sobre o no-ser. Se no existe uma Verdade absoluta e nem mesmo relativa, confor me pensava Protgoras , claro que a palavra adquire a sua autono mia, at mesmo uma autonomia praticamente ilimitada, porque, jus tamente, no est ligada pelos vnculos do ser.

Na sua independncia ontolgica, a palavra torna-se ou pode se tomar disponvel a tudo. E, ento, Grgias descobre, justamente no nvel terico, o aspec to da palavra pelo qual esta portadora prescindindo de qualquer verdade de sugestes, persuases e crenas.

E a retrica , exata mente, a arte que sabe explorar at o fundo este aspecto da palavra, e, portanto, pode ser chamada de a arte da persuaso Esta persuaso no est ligada, como evidente com base no que j esclarecemos, a qualquer conhecimento de verdades inatingveis, mas est ligada pura crena. Compreende-se, portanto, que Grgias, uma vez dissolvido o lao entre palavra e. O significado e a importncia social desta arte so claros: mais do que nunca na Atenas do sculo V a.

Ver toda a primeira parte do Grgias platnico. Mas a palavra, desancorada dos valores e, em geral, de toda ver dade objetiva, podia se tornar perigosssima.

Grgias, como vimos, admite os valores morais comumente admitidos pela grecidade e pe a sua retrica a servio deles Ademais, ele desaprova os discpulos que, uma vez aprendida a retrica, servem-se dela fora e contra aqueles valores, e se dissocia de toda responsabilidade por estes discpulos: Se [ algum, tendo-se tornado orador, serve-se desse poder e dessa arte para fazer o mal, no se deve desprezar nem expulsar da cidade quem lha ensinou; este, de fato, lha ensinou para que fizesse dela um uso reto, enquanto aquele faz dela um uso indevido.

Portanto, justo desprezar, expulsar da cidade e matar quem no faz reto uso da retrica, no aquele que lha ensinou Mas depois do divrcio entre a Verdade e a palavra a tica da situao no era suficiente para garantir o bom uso da retrica: antes, era justamente a mvel situao que tornava a retrica disponvel s aventuras extremas, como veremos. A palavra e o engano potico O exame aprofundado da palavra e das suas capacidades devia tornar Grgias particularmente sensvel ao seu aspecto potico, alm do retrico.

Escreve o nosso Sofista: [ considero e chamo a poesia, nas suas vrias formas, de um discurso com metro, e quem a escuta invadido por um tremor de espanto, por uma compaixo que arranca lgrimas, por uma tormentosa avidez de dor, e a alma sofre, pelo efeito das palavras, um sofrimento que lhe prprio, ao ouvir a sorte e a desgraa de fatos e pessoas estranhas Portanto, tambm a arte, assim como a retrica, no visa ao verdadeiro, mas moo dos sentimentos; mas, enquanto a retrica, com a moo dos sentimentos, persegue fins prticos, visando gerar persuases e crenas em relao a questes ticas, sociais e polticas, a arte persegue fins alm de teoricamente, tambm praticamente desinteressados.

Que sentido tem, ento, o tremor, o espanto, a dor, a compaixo que a arte produz por efeito de palavras, uma vez eliminado tanto o fim terico como o fim prtico?

E claro que aqui Grgias no s entrev, mas, em certa medida, explicita o valor esttico do sentimen to e, portanto, da palavra que o produz. H mais, porm. Num testemunho de Plutarco nos referido: Floresceu ento a tragdia e foi celebrada pelos contemporneos como audio e espetculo admirvel, pois criava com as suas fices e paixes um engano, diz Grgias, pelo qual quem engana age melhor do que quem no engana, e quem enganado mais sbio do que quem no enganado E aqui qualificado como engano cotccrrl e iluso at mesmo aquilo que a palavra potica produz, e o engano, a nosso ver, define exatamente a no-verdade terica daquele sentimento potico, que, portanto, tem uma precisa individualidade e diremos com termo moderno autonomia.

Plato, Grgias, e. Plato, Grgias, c ss. Plato, Grgias, b. Plutarco, De glor. Ad 5, p. Tanto Plato como Aristteles defrontar-se-o com esses pensa mentos, o primeiro para negar validez arte, o segundo, ao invs, para descobrir o poder catrtico, purificador, do sentimento potico, como veremos.

A inveno da sinonmica Num plano nitidamente inferior a Protgoras e a Grgias, situam-se os outros sofistas dos quais nos chegaram testemunhos. Todavia, so todos pensadores interessantes sob vrios aspectos e indicativos das novas tendncias. Em primeiro lugar, recordaremos Prdico de Cos, que Scrates, mais de uma vez, zombeteiramente, diz ter sido seu mestre Tambm Prdico foi mestre da arte de fazer discursos. Mas esta arte, que ensinava aos discpulos a altssimo preo, fundava-se sobre algo que pretendia ser e era efetivamente novo, isto , sobre a sinonmica, vale dizer, sobre a distino dos vrios sinnimos e a precisa deter minao das nuanas de significado dos diferentes sinnimos Assim o lgos, depois de ter experimentado a possibilidade de dividir-se em razes opostas com Protgoras, e depois de ter reconhecido em si uma onipotente capacidade de persuaso com Grgias, descobre ago ra as inumerveis nuanas com as quais se podem dizer as coisas e, portanto, a propriedade da palavra e da linguagem Naturalmente, Prdico deve ter ensinado aos alunos como explo rar praticamente, ao falar aos juzes nos tribunais ou ao povo nas assemblias, o jogo das distines dos sinnimos e, no Protgoras, Plato nos descreve com refinado humorismo o modo como o Sofista 1.

Prdico nasceu em Cos, no se sabe exatamente quando. Os estudiosos con jeturam que a sua data de nascimento est entre e que a sua atividade deva ser situada em tomo ao incio da guerra do Peloponeso dado que Aristfanes faz aluso a Prdico.

Esteve muitas vezes em Atenas na qualidade de embaixador. Deu com sucesso lies em Atenas e noutras cidades gregas. A sua obra-prima devia ter o ttulo Horai talvez derivado do nome das deusas da fecundidade , ao qual talvez pertencesse o clebre aplogo de Hracles na encruzilhada, do qual falaremos cf. Untersteiner, 1 Sojisti, II, pp. Plato, Protgoras, a; Mnon, 96 d; Grmides, d; C b. E, certamente, esta arte da sinonmica, se foi supervalorizada pelo seu inventor e se foi aplicada de maneira inadequada, no deixou de exercer benficos efeitos e influiu, como foi h tempo reconhecido, sobre a metodologia socrtica da pesquisa do o que das coisas embora, evidentemente, a pes quisa socrtica vise a algo de muito mais profundo.

O utilitarismo tico e o mito de Hracles na encruzilhada No campo da reflexo moral, Prdico tornou-se famoso pela sua pessoal reelaborao do mito de Hracles na encruzilhada, que nos foi reportado de modo bastante fiel por Xenofonte O mito, que s recentemente foi entendido corretamente muito interessante no s como documentao do pensamento de Prdico, mas tambm como documento da tendncia geral utilitarista da tica sofstica, e por isso merece ser examinado cuidadosamente.

Hracles, no momento da passagem da infncia adolescncia, isto , no momento da passagem idade na qual o jovem, tornando-se senhor de si, opera as suas escolhas morais de base, retirou-se a um lugar solitrio para meditar. Apareceram-lhe, ento, duas mulhe res de grande e majestoso porte: uma pudica, reservada na atitude e de contida beleza; a outra, ao invs, saliente, altiva e de beleza pro vocadora e exuberante.

As duas mulheres so smbolos, uma da vir tude, a outra da depravao ou seja, do vcio : os seus nomes, em grego, so, respectivamente, Aret e Kaka. Diz a mulher, smbolo da depravao e do vcio: 5. Gomperz, Sophistik und Rethorik, p. Sanna, Florena reimpresso em , vol. Vejo-te, Hracles, inseguro sobre o caminho a tomar na vida. Se me fizeres tua amiga e me seguires, guiar-te-ei pela vida mais prazerosa e mais fcil; ademais, no devers privar-te de desfrutar nenhuma alegria da vida e passars a existncia longe de asperezas.

A primeira conseqncia ser que no devers preocupar-te com guerras nem com poltica, mas sempre escrutars qual comida ou bebida agradvel ao teu gosto poders encontrar, ou qual espetculo devers ver e ouvir para obter uma satisfao, ou quais objetos devers cheirar ou tocar para ter um prazer, quais jovens devers freqentar para chegar ao cume da delcia, em que modo te ser dado dormir bastante suavemente e como, com a menor fadiga, conseguirs todos estes bens. Se por acaso surgir a suspeita de que se acaba a fonte da qual provm todos estes gozos, no deves temer que eu te obrigue a procur-los com fadigas e esforos fsicos e espirituais, mas poders fazer uso de todo o fruto do trabalho de outros, sem te afastares de tudo o que possa constituir uma fonte de utilidade.

De fato, aos que se pem da minha parte, ofereo a plena possibilidade de extrair vantagem de qualquer parte. Como evidente, o tipo de vida que Kaka prope a Hracles o hedonismo mais desenfreado: a felicidade est no gozo do prazer intenso e fcil, est em desfrutar plenamente o que nos apraz, nos serve e nos til, sem deixar-nos levar por escrpulos.

Eis, ao contrrio, o que diz Aret: Eu tambm me apresentei a ti, Hracles, porque conheo teus pais e fiz uma idia do teu carter durante a tua educao.

Portanto, espero que. No te enganarei com o anncio do prazer, mas te apresentarei, segundo a verdade, a realidade no modo em que os deuses a determinaram.

Nada, com efeito, daquilo que verdadeiro, bom e belo concedem os deuses aos homens sem diligente fadiga, mas se queres que os deuses te sejam benvolos, deves honr-los; se desejas ter o afeto dos amigos, deves fazer-lhes o bem, se esperas ser honrado por qualquer cidade, deves procurar as vantagens desta cidade, se pretendes ser admirado por toda a Hlade pela tua virtude, deves esforar-te por fazer o bem Hlade; se queres que a terra te produza abundantes frutos, deves cultiv -la; se crs que deves enriquecer com o gado, deves cuidar do gado; se tens nsia de exaltar a ti mesmo por meio da guerra, e queres estar em condies de libertar os amigos e subjugar os inimigos, deves aprender dos especialistas a arte da guerra, e deves exercitar-te no modo de aplic-la; se, enfim, queres 8.

Todos os seus precei tos so, para usar a terminologia kantiana, imperativos hipotticos finalizados aquisio de vantagens precisas, e, justamente: obter a benevolncia dos deuses, o afeto dos amigos, a honra da cidade, a admirao dos gregos, obter frutos abundantes da terra, enriquecer, e assim por diante. A virtude no seno o meio mais adequado para obter estas vantagens e estas coisas teis.

Eu, ao contrrio, conduzir-te-ei felici dade por uma via fcil e curte Ao que responde Aret:. Que bens possuis tu? De fato, tu nem sequer res pondes ao clamor das sensaes prazerosas, mas, antes mesmo que surja o desejo, de todas te sacias, porque comes antes de ter fome, bebes antes de ter sede, mas preparas com esmero as comidas, para comer prazerosamente, preparas vinhos preciosos, para beber suavemente, e no vero, correndo por todas as partes, buscas neve, e, para dormir em profundo e agradvel sono no s preparas um lugar macio, mas tambm os leitos e, para estes, travessei 9.

Xenofonte, Memorveis, II, 1, 27 s. Diels-Kranz, 84 B 2. Como, ao invs, notou bem S. Zeppi; cf. Embora imortal, s banida dos deuses, e tida como vil pelos homens honestos; no ouves o que acima de tudo doce de se ouvir, um elogio que se te faa, nem contemplas o espetculo que o mais agradvel de todos, porque jamais contemplaste alguma bela obra tua.

Quem jamais poderia ter confiana nas tuas palavras? Quem te salvar, caso tenhas necessidade de socorro? Ou quem, se for sbio, ter coragem de participar da tua companhia?

Os que dela participam, quando jovens, so dbeis de corpo; quando se tomam velhos, so insensatos de alma, porque cresceram, no curso da juventude, refinados, sem afadigar-se, enquanto transcorrem o perodo da velhice como miserveis, constrangidos a afrontar fadigas, cheios de vergonha pelo que realizaram, oprimidos pelo que devem fazer, por ter realizado, no tempo da juventude, uma rpida corrida pelos prazeres, enquanto reservaram para a velhice as molstias.

Eu, ao invs, vivo junto aos deuses, vivo com os homens honestos; nenhuma bela ao devida aos deuses, nem devida aos homens, se realizada sem mim. Sou honrada mais que todos, tanto no juzo dos deuses como no juzo dos homens que merecem estima: sou dileta colaboradora dos artesos, fiel guardi das casas para os seus donos, benvola assistente para os servos, tima colabo radora nos trabalhos da paz, segura aliada nas obras de guerra, perfeita com panheira da amizade.

Os meus fiis gozam dos alimentos e das bebidas com prazer e isentos de afs; de fato resistem at que surja neles o desejo. Mais doce se apresenta para eles o sono que para os que no se afadigam, nem se lastimam de dever interromp-lo, nem por isso deixam de cumprir o seu dever.

Os jovens se comprazem dos loa vores dos ancios, os ancios exultam pelas honras dos jovens, com prazer se recordam dos seus antigos feitos, e experimentam prazer em cumprir nobremente os atuais, pois por mrito meu so caros aos deuses, amados pelos amigos, honrados pela sua ptria. Quan do, depois, chega o fatal termo, no so sepultados sem honras com esque cimento, mas florescem exaltados em todo tempo por meio da recordao.

Como bem v, Prdico no hesita em pr na boca da virtude uma linguagem que assume at mesmo traos de hedonismo, embora tem perado. Um estudioso italiano que, melhor do que todos, percebeu Xenofonte, Memorveis, 11, 1, Aqui est o ncleo do Aplogo: Prdico patrocina um utilitarismo eudemonista ativo em polmica com um hedonismo sensualista, mas da atitude do adversrio ele no rejeita tout-court as exigncias fundamentais, condenando-as in limine litis, ao contrrio, acolhe-as e reconhece como verdadeiras e, assim, apre senta a prpria doutrina como um hedonismo no decepcionante Em poucas palavras, poderemos concluir que, para Prdico, a virtude a bem-calculada racionalizao dos prazeres e do que til moral e materjalmente, ou seja, um utilitarismo razovel.

Deste ponto de vista, o Aplogo Hracles na encruzilhada pode ser assumido como emblema da tica dos sofistas dos sofistas da primeira gera o , que no til viam o mximo valor moral 3. Os Deuses como divinizao do til H mais, porm. Prdico considera que o til no s o funda mento da moral, mas tambm da teologia. Eis alguns significativos testemunhos. Escreve Filodemo: Perseu [ na obra Sobre os deuses, sustenta que no parece improv vel a demonstrao desenvolvida por Prdico, de que foram honrados e acre ditados como deuses, primeiro as foras aptas a nutrir e a trazer benefcio; e depois, aqueles que descobriram o modo de nutrir-se ou uma proteo natural e, alm disso, as relativas artes, como Demter, Dionisio [ IS.

Zeppi, Letica di Prodico, pp. Como vimos, utilitarista a tica de Protgoras e, em ltima anlise, tambm a de Grgias. Os sofistas da segunda gerao tenderam, ao invs, mais acentuadamente ao hedonismo.

Filodenso, De piei. Ainda mais claro o testemunho de Sexto Emprico, que reporta tambm um fragmento com as palavras onginais do Sofista:. Prdico de Cos afirma: Os antigos consideraram deuses, em virtude da vantagem que da derivava, o sol, a lua, os rios, as fontes e, em geral, todas as foras que beneficiam a nossa vida, como, por exemplo, os egpcios, o Nilo, e por isso o po era considerado como Demter, o vinho como Dionsio, a gua como Posseidon, o fogo como Efesto, e assim cada um dos bens que nos so teis E ainda: Prdico sustentava que tudo o que beneficiava vida foi considerado deus, como o sol, a lua, os rios, os lagos, os prados, os frutos, e todas as manifestaes anlogas Esta interpreao dos deuses e do divino dada por Prdico, que de uma audcia iluminista assaz notvel, exprime uma das marcas da sofstica: enquanto os filsofos naturalistas identificaram o divino com o Princpio, ou seja, com o que, segundo eles, mais valia, Prdico o identifica com o til, isto , com o que, para ele assim como para todos os sofistas , valia mais do que tudo.

Diels-Kranz, 84 B 5. A corrente naturalista da sofstica um lugar-comum da manualstica a afirmao de que a sofstica contraps nomos e physis, isto , lei e natureza, para desvalorizar a primeira e reduzi-la a pura conveno. Pois bem, este lugar-comum s parcialmente fundado. A oposio entre lei e natureza no existe nem em Protgoras, nem em Grgias e nem mesmo em Prdico; ela aparece, ao invs, em Hpias e em Antifonte, ou seja, naquela que justamente foi denominada corrente naturalista da sofistica, e depois nos polticos sofistas, em diversos nveis 2.

O mtodo da polimatia de Hpias Comecemos com Hpias Este sofista, que deve ter sido muito famoso Plato lhe dedicar dois dilogos condividia a concepo do fim do ensinamento educao poltica , que era prpria de todos 1.

Escreve Levi: Como observa Maier Sokrates, p. Arquelau introduzindo tal contraposio na vida prtica: H. Maier, Sokrates, p. Esta contraposio, ao invs, no feita nem por Protgoras nem pelo Annimo de Jmblico que, efetivamente, fundam o v sobre a opot e no aparece de modo algum nem em Grgias nem em Prdico. A manualstica, portanto, atribuiu a toda a sofstica uma oposio fundamental que, ao invs, s nasce com uma das correntes a corrente naturalstica , a qual tem caractersticas muito particulares.

Hpias nasceu em lida, no sabemos exatamente quando. No final do sculo V, em todo caso, devia ser conhecido e apreciado mestre. Viajou muito, como todos os outros sofistas. Viveu muito e comps ao que parece muitssimas obras. Ulteriores informaes em Untersteiner, 1 Sofisti, I pp. O Hpias maior sobre o belo e o Hpias menor sobre a mentira, uma de monstrao por absurdo da tese socrtica de que ningum peca voluntariamente. No vale a antilogia, nem a retrica, nem a sinonmica, mas a polimatia, ou seja, o saber enciclopdico e Hpias, alm de saber tudo, vangloriava-se tambm de saber fazer tudo Mas para saber e aprender muitas coisas preciso uma habilidade particular, que facilite a memorizao dos vrios contedos do saber: com esse fim, ele ensinava a mnemotcnica arte de memorizar E entre as disciplinas que o seu enciclopedismo didtico propunha, as matem ticas e as cincias naturais tinham grande relevo E isto se compre ende bem: de fato, ele considerava necessrio o ensinamento das cincias naturais, porque pensava que a vida humana devia adequar-se natureza e s suas leis, mais que s leis humanas.

A oposio entre nomos e physis E, com isso, entramos no ceme da temtica natureza-lei. Plato, diante de homens de cidades e condies diferentes, faz Hpias dizer o seguinte: Homens aqui presentes, eu vos considero consagneos, parentes e concidados por natureza, no por lei: de fato, o semelhante por natureza parente do semelhante, enquanto a lei, que tirana dos homens, amide fora muitas coisas contra a nature claro que aqui no s so claramente distintos, mas radical- mente contrapostos, o plano da physis ou da natureza e o plano do nomas ou da lei.

A natureza apresentada como o que une os homens o semelhante com o semelhante ; a lei, ao invs, apresentada como o que divide, forando a natureza e, portanto, indo contra ela. Plato, Protgoras, b-c, e o nosso comentrio na citada edio p.

Hpias menor, b ss. Diels-Kranz, 86 A Plato, Hpias maior, b ss. Diels-Kranz, 86 A I cf. Plato, Prorgoras, e. Plato, Protgoras, e, considerado em Diels-Kranz, e justamente, uma imitao, ou seja, uma reconstruo platnica ou, melhor ainda, uma inveno plat nica, feita la ,nanire de Nasce assim a distino entre um direito natural lei de natureza e um direito po sitivo lei posta pelos homens ; nasce a convico de que, pelas razes acima vistas, s o primeiro vlido e eterno, enquanto o segundo contingente e, no fundo, no-vlido.

E assim so lanadas as premissas que levaro a uma total dessacralzao das leis huma nas, que sero consideradas fruto de pura conveno e de arbtrio, e, portanto, frutos indignos do respeito do qual sempre estiveram cir cundadas. Mas Hpias tira desta distino mais conseqncias positivas que negativas: posto que a natureza dos homens igual pelo menos a natureza dos sbios aos quais ele se dirige no contexto do seu discur so , no tm sentido as distines que dividem os cidados de uma cidade dos de outra, nem as distines que no interior das cidades possam ulteriormente dividir os cidados: nascia assim um ideal cosmopolita e igualitrio, que para a grecidade era no s novssimo, mas revolucionrio.

Radicalizao do contraste entre fomos e physis em Antifonte Mas, provavelmente na linha de Hpias, muito alm se lanou Antifonte Tambm ele, no seu ensinamento, deve ter insistido sobre 9.

De Antifonte posumos escassas notcias. Dificlima a sua localizao cro nolgica; a sua atividade parece, em todo caso, poder Situar-se, verossimilmente, nos ltimos decnios do sculo V. A Sua obra principal intitulava-se A verdade, e traa influncias da escola eletica. A importncia de Antifonte para a histria do pensamen to emergiu depois de e , depois da descoberta de dois papiros de Oxirinco, contendo teses muito importantes e audazes, como veremos.

Compreende-se, portanto, que as antigas histrias da filosofia e a manualstca mais avanada no falem dele. Para ns, quem muito contribuiu para conhecer Antifonte foi E. Bignone, numa srie de estudos publicados entre e , depois recolhidos em Studi sul pensiero antico, Npoles , pp.

Discutiu-se muito se Antifonte sofista e Antif nte orador so ou no a mesma pessoa; a questo, nesta sede, tem pouco valor; todavia, as cincias naturais, por aquelas mesmas razes propugnadas por Hpias, isto , porque viu s na physis a autntica norma do viver; mas chegou a radicalizar o dissdio entre natureza e lei ao limite da ruptura, afirmando, em termos eleticos, que a natureza a verdade enquanto a lei positiva pura opinio e, portanto, que uma est quase sempre em anttese com a outra e, por conseqncia, deve-se transgredir a lei dos homens, quando se puder faz-lo impunemente, para seguir a lei da natureza: Justia consiste em no transgredir nenhuma das leis do Estado do qual se cidado; e por isso o indivduo aplicar no modo mais vantajoso para si a justia, se tiver em grande conta as leis, diante de testemunhas; mas na.

Por isso se algum transgride as normas de lei, enquanto escapa aos seus autores, est isento de lstima e de pena; se no escapa, no. Mas se violenta alm do possvel as normas postas em ns pela natureza, mesmo que ningum se d conta disso, no menor o mal, nem maior se tambm todos o saibam; porque no se ofende a opinio, mas a serdade.

Cosmopolitismo e igualitarismo naturalistas Comparadas s concepes de Hpias, so tambm mais radicais as concepes igualitrias e cosmopolitas do homem propostas por Antifonte. Nisto, na verdade, tornamo-nos, como os brbaros, uns com relao aos outros, dado que, por natureza, em tudo todos fomos igualmente feitos para ser quer brbaros quer gregos.

Decleva Caizzi, Antiphontis retralogiae, Milo-Varese Decleva Caizai apresentou notveis contribuies nos seus mais recentes estudos, dos quais damos indicao na nota Diels-Kranz, 87, fragmento A. A traduo utilizada por Reale a nova de F. Decleva Cazzi, que junto a G. Bastianini tambm reconstituiu o texto crtico, melho rando DielsKranz em muitos pontos, publicada em cPF, 1 1; cf. Diels-Kranz, 87, fragmento B. Mas que esta natureza comum a todos os homens?

Em que consiste exatamente? Os fragmentos que nos chegaram esclarecem que Antifonte en tende por natureza a natureza sensvel: natureza pela qual o bem o til e o prazer, o mal o prejudicial e o doloroso, a natureza que espontaneidade e liberdade instintiva. E luz deste conceito de natureza, a lei sempre vista nem podia ser de outro modo como no-natural, porque constringe a sacrifcios e, portanto, a dores, refreia e pe obstculos espontaneidade.

Eis um texto particularmente significativo: A pesquisa sobre estas coisas se impe porque a maior parte do que justo segundo a lei revela-se hostil natureza. No que concerne aos olhos, de fato se estabeleceu o que devem e que no devem ver; e no que conceme aos ouvidos, o que devem e o que no devem. Em verdade, no so em nada menos agradveis nem menos afins natureza as coisas das quais as leis afastam os homens do que as coisas para as quais os orientam.

Viver, com efeito, pertence natureza, e tambm morrer, e o viver provm do que lhe til, e o morrer do que no lhe til. As coisas teis postas pelas leis so vnculos para a natureza, as que so postas pela natureza so livres.

De modo algum, segundo um raciocnio correto, o que causa sofrimento auxilia a natureza mais do que o que causa alegria; e assim tampouco ser til o que causa dor mais do que o que causa prazer; o que verdadeiramente til no deve prejudicar, mas ser til Com base nessas premissas, a igualdade dos homens vista ex clusivamente como igualdade de estrutura e necessidade sensveis: possvel ver que as coisas pertinentes ao mbito da natureza so neces srias a todos os homens e por todos buscadas por meio das mesmas faculda des; e nessas mesmas coisas nenhum de ns se distingue nem como brbaro nem como grego.

Todos respiramos o ar com a boca e as narinas; rimos com alegria na alma ou choramos sofrendo, e com o ouvido recebemos os sons e graas luz vemos com a viso, e com as mos operamos e com os ps caminhamos [ E isto extremamente interessante: se restringimos a natureza humana pura dimenso sensvel, iludimo-nos em poder cancelar toda diversidade entre os homens, enquanto na realidade lanamos as premissas para fundar Outros tipos de diversidade e outros tipos de distines, sob certo aspecto ainda mais graves.

E assim se explica que, do mesmo princpio da natureza-sensibilidade, alguns logo te nham podido deduzir concluses opostas s que foram deduzidas por Antifonte: a natureza demonstra que existem homens mais fortes e homens mais fracos, e que, portanto, os homens so diferentes e a quem mais forte natural que domine sobre os fracos e lhes impo nha a sua vontade. E explica-se tambm que, sobre esta base, a lei, entendida como contrria natureza, devesse ser destituda de todo fundamento objetivo e, portanto, proclamada injustificvel.

Conclu ses estas que, logo vemmos, sero deduzidas pelos sofistas polticos Para um aprofundamento sobre o pensamento de Antifonte, ver os seguintes trabalhos de F. Saggi suframmenti inediti e nuove lestimoflianze da papiri, Florena Studi e testi per ii Corpus dei papiri filosofici greci e latini, 2 , pp.

A edio e a traduo dos fragmentos de Antifonte feitas por Decleva Caizzi em colaborao com Bastianini est contida em: Corpus de, papiri filosofici greci e latini, Parte 1, volume 1, Florena , pp.

Caractersticas da erstica O relativismo e o mtodo antilgico de Protgoras, por obra dos sofistas da gerao mais jovem, produziu a erstica. Se no existe uma verdade absoluta e se a toda proposio possvel contrapor a sua contrria e se possvel tornar mais forte o discurso mais fraco , ento possvel refutar qualquer assero.

E os eristas excogitaram, assim, toda uma srie de problemas que previam respostas sempre refutveis; dilemas que, embora resolvidos, seja em sentido afirmatj vo, seja em sentido negativo, levavam a respostas sempre possveis de serem contraditas; hbeis jogos de conceitos construdos com ter mos que, explorando a sua polivalncia semntica, enredavam o Ou vinte e punham-no em posio de xeque-mate; raciocnios que leva vam sempre a conseqncias absurdas.

Em suma, os eristas excogitaram toda aquela aparelhagem de raciocnios capciosos e decepcionantes que foram posteriormente chamados sofismas.

Reportamos do Eutiderno uma passagem como prova do que dissemos, a qual demonstra muito bem a medida da deteriorao que o protagorismo sofreu no plano da erstica, chegando at a negar capciosamente a possibilidade de contradizer, de dizer o falso e de se enganar: E Dionisiodoro: Tu falas, Ctsipo, como se existisse a contradio? Certamente, disse, e como! No crs que exista? Tu no podes provar ter jamais ouvido algum contradizer a outro. E me dars conta rigorosamente disso?

Pode-se falar de qualquer coisa existente? E dizer que cada coisa e no? Se bem te lembras, Ctsipo, pouco antes demonstramos que ningum diz o que no , porque ningum fala do no-existente. E Ctsipo: Que quer dizer isto? Talvez nos contradigamos menos entre ns? E ele: Talvez nos contradigamos expondo o estado de uma mesma coisa, ou neste caso diremos o mesmo? O mesmo. Mas quando nem um nem o outro discorda de uma coisa, nos con tradiremos? Nisto tambm convenho. E quando eu falo de uma coisa e tu de outra, nos contradizemos?

Como possvel que quem no fala contradiga a quem fala? E eis, na boca de Scrates, expressamente ressaltado o funda mento protagoriano da doutrina, na passagem que segue: Ctsipo ficou calado. Eu, maravilhado daquele discurso, disse: Que pensas, Dionisiodoro? Eu ouvi de muitos e muitas vezes este dicurso, mas nunca o compreendi bem. Usava-o amide Protgoras e a sua escola e tambm homens mais antigos; mas a mim parece sempre estranho e de tal modo, que destri os outros raciocnios e a si prprio. Creio, porm, que de ti ouvirei melhor a verdade.

No existe a afirmao do falso? Assim parece. E falando, ou se diz a verdade ou no se fala? Naturalmente, no tem muita importncia saber se Eutidemo e Dionisiodoro, protagonistas do Eutiden,o plattiico, So personagens histricos ou no: eles so tipos ideais, seno reais, que caracterizam de maneira paradigmtica a corrente erstica.



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